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Venezuelanos no Brasil desconhecem eleição, mas temem resultado

 

Tem eleições hoje?" "Como faço para votar?" "Algum candidato pode querer mandar a gente de volta para nosso país?"
Essas foram algumas das perguntas feitas na madrugada deste domingo (7) por um grupo de venezuelanos acampados em frente à rodoviária internacional de Boa Vista, em Roraima.
Alguns recém-chegados ao Brasil não tinham a mais vaga ideia sobre a realização das eleições para cargos como presidente da República e governador do estado, que podem impactar diretamente na vida dos imigrantes.
"Não consegui ir para um abrigo. Quero ficar no Brasil. Quero ser..., como se diz? Interiorizado, né? Mas será que com essa mudança de governo conseguiremos algo?", questionou o estudante John Daniel Zapata, 22, um do grupo de 22 venezuelanos ouvidos pela reportagem que estão enfrentando fome e sede e dormindo em sua maioria em papelões jogados no gramado do terminal rodoviário.
Segundo o pedreiro Jean Martinez, 28, falta ajuda do governo estadual para minimizar as condições de vida que estão enfrentando e o próximo governo precisa estar atento a isso. "Podemos contribuir, não queremos roubar nada do Brasil", disse. E completou: "posso votar nesta eleição, como faço?".
Há em Roraima cerca de 5.000 venezuelanos abrigados, mas existe um contingente enorme dormindo nas ruas, sob marquises.
A governadora Suely Campos (PP) nega que haja ausência do governo na questão e atribui os problemas a falta de ajuda do governo federal. Ela disse que solicitou ajuda várias vezes ao presidente Michel Temer (MDB).
Já William Garcia, 24, afirmou que não sabia da eleição e se mostrou preocupado com as consequências dela. "Se ganhar um candidato que não goste de venezuelanos ele pode querer nos mandar embora, não?"
O grupo ouvido pela reportagem está no máximo há seis meses no Brasil. Quase ninguém ouviu falar nos presidenciaveis Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) ou Ciro Gomes (PDT).
E ninguém sabe quem é José de Anchieta (PSDB) ou Antônio Denarium (PSL), candidatos que lideraram a corrida eleitoral no estado segundo as pesquisas Ibope.
"Sentimos nas ruas a desconfiança dos brasileiros com a gente. Não é porque um roubou que todos somos pilantras. Não pode generalizar. Se eu tiver um emprego, o Brasil se livra de nós, pois conseguiremos fazer tudo sozinhos. Que o próximo presidente se lembre disso", disse Garcia.
O acampamento em que estão e desmontado ao amanhecer e montado todas as noites. O Exército instalou tendas de apoio na região, que estão servindo para guarda-las durante o dia.
"O importante é saber se o governador ou o presidente [futuros] são a favor ou contra [o ditador venezuelano Nicolas] Maduro. Se for contra, já sabemos que estará do nosso lado", disse o auxiliar de enfermagem Nelson Parada, 48, outro que quer viver no Brasil e busca uma vaga em abrigos.
O estado diz que há 60 mil venezuelanos vivendo em Roraima.
Com informações da Folhapress.



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