O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou nesta quarta-feira (11) a fazer críticas ao Ministério Público Federal (MPF) e aos juízes federais Sergio Moro e Marcelo Bretas, responsáveis, respectivamente, pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba e Rio de Janeiro. Na sessão do STF que analisa um habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci,
preso desde setembro de 2016 na Lava Jato, o ministro citou o que
classifica como “arbítrio” de Moro e Bretas e atacou as prisões
preventivas determinadas pelo magistrado paranaense.
“Na verdade
nós transformamos as prisões provisórias do doutor Moro em prisão
definitivas. Esse é o resultado nesses casos. Então é melhor suprimir a
Constituição. Já que tem o código penal de Curitiba, que se crie da
Constituição de Curitiba. É isso que nós estamos fazendo. As prisões
provisórias, as prisões cautelares, elas ganham caráter de
definitividade. Por que se trata de decisões bem elaboradas? Esse
sujeito fala com Deus? Do que nós estamos falando? Ou nós estamos
fazendo populismo judicial?”, atacou o ministro, em um aparte ao voto de
Marco Aurélio Mello.
Gilmar
Mendes ainda disse que “as prisões provisórias, se não puderem ser
revistas, elas se tornam definitivas, e aí nem precisa esperar o segundo
grau, já basta a queda da caneta na prisão provisória,
não precisa
esperar sentença. É essa a consequência da decisão que estamos tomando”.
As
declarações de Gilmar foram dadas diante da provável repetição do
placar de 6 votos a 5 para negar o habeas corpus, que já havia ocorrido
no Supremo na semana passada, em análise de pedido semelhante pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o empate que se desenha neste momento, de cinco votos a favor do
habeas corpus e cinco contrários, o voto de minerva deve ser dado,
novamente, pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
Em outro aparte, desta vez ao voto do ministro Ricardo Lewandowski,
Gilmar Mendes já havia feito críticas aos procuradores e aos juízes da
Lava Jato, que ele considera excessivamente “empoderados”. “O que se
quer é criar um estado policial, empoderar gente que já está totalmente
empoderada?”, indagou Gilmar, para quem o Supremo, ao negar o habeas
corpus de Palocci pelo motivo alegado, estaria sendo “cúmplice de
grandes patifarias que estão a ocorrer”.
“Não conhecer do habeas
corpus significa dar imunidade ao arbítrio, seja de Moro, seja de
Bretas, qualquer juiz, e aos procuradores (…) todas essas invencionices
procedimentais para não conhecer de habeas corpus na verdade não matam
apenas o habeas corpus, é a morte deste tribunal”, criticou Gilmar
Mendes. Ainda conforme o ministro, o habeas corpus é a “matriz do
processo constitucional brasileiro”.
Gilmar também classificou os
magistrados como “falsos espertos” e os acusou de combinar decisões no
caso em que o ministro havia impedido a transferência do ex-governador
do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB-RJ) a um presídio federal, mas
Sergio Moro e Marcelo Bretas acabaram determinando que Cabral fosse
levado do Rio a uma cadeia em Curitiba. “Combinam processos para revogar
decisões nossas, porque estão bafejados pela opinião publicada, são os
falsos espertos”, disse. “As espertezas fazem mal ao estado de Direito,
as espertezas são boas para Neymar, Cristiano Ronaldo, no futebol, não
no estado de Direito”, continuou.
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