Vinicius
José Paixão de Oliveira Júnior ou, simplesmente, Vinicius Júnior. Você
já deve ter ouvido falar desse nome, né? Depois de ganhar repercussão
nacional com as boas atuações na Copa São Paulo pelo Flamengo, a
promessa de 16 anos chamou a atenção do mundo ao ser o destaque da
seleção brasileira no título do Sul-Americano sub-17. Mas um episódio em
especial ajudou bastante no estouro repentino: os três chapéus (balões,
lençóis, como preferirem) contra o Equador.
O lance não foi fortuito. Desde criança, o rubro-negro, cobiçado pelo
Barcelona, sempre foi driblador. E fomos atrás de suas origens para
saber onde o garoto franzino começou a dar seus primeiros chapéus, como este do vídeo acima. Não só chapéus, como também canetas, pedaladas e outros dribles que o renderam comparações com outro jogador: Robinho.
- Ele dava balão direto. Essa ousadia vem desde cedo. Sempre foi alegre
dentro de campo, solto. Sempre deixamos ele à vontade também, para não
travá-lo, porque isso é um diferencial dele. Teve uma vez, na época do
sub-11 que fizemos um amistoso e colocamos ele para jogar contra o
sub-13. Ele deu um balão desses aí, arrebentou nesse jogo. E quando
acabou, as crianças começaram a brincar com ele, a chamá-lo de Robinho e
a pedir autógrafo. Foi muito engraçado! - disse Cacau, seu primeiro
professor de futebol.
Tudo começou em 2006, quando o pai de Vinicius o levou a uma das 125
escolinhas filiais do Flamengo pelo Brasil, próxima de sua casa, no
bairro do Mutuá, em São Gonçalo, município da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro. Começava ali uma ligação que uma década depois começa a
render os primeiros frutos.
Sua primeira ficha técnica não nega: em pouco mais de dez anos, muita
coisa mudou. Não só as feições infantis. Na época, seu ídolo era
Robinho, seu jogador favorito era Renato e sua posição era a
lateral-esquerda. Rapidamente, Vinicius virou atacante, artilheiro.
Hoje, sua maior referência é Neymar. E, em breve, tudo indica que ele é
quem será o atleta favorito da molecada.strutura familiar favorece crescimento
A família de Vinicius sempre foi humilde. Tanto no aspecto financeiro,
quanto de personalidade. Fome, graças ao suor do pai Vinicius e da mai
Fernanda, nunca passou. A única fome do garoto era a de bola.
- Nas férias, as crianças sempre foram muito de soltar cafifa, às vezes
faltavam, mas ele gostava é de jogar bola mesmo. Vinha para cá,
treinava no horário dos mais velhos, depois treinava no horário dele… Se
deixasse ele treinava em todos os horários. Sempre foi muito fominha de
bola - conta Valéria Beraldini, esposa de Cacau, com quem dirige a
escolinha do Fla em São Gonçalo.
Segundo os professores, aliás, os pais estão dando a estrutura
necessária para que o garoto possa começar a trilhar o caminho de
sucesso no futebol. E isso reflete diretamente na personalidade humilde
de Vinicius.
- Víamos qualidades para ele virar profissional. Mas lógico que é um
processo longo. Um processo que depende não só da parte dentro do campo,
como também da de fora. Para isso, a estrutura familiar é fundamental
para um atleta. E a família dele é sensacional. O pai dele está sempre
junto dele para não deixar que as coisas se desviem. Já vi muitos
meninos tomarem outros caminhos. Às vezes cria-se uma ilusão muito
grande e perde-se o foco. Mas o Vinicius é muito focado, sempre quis
muito tudo isso que está acontecendo com ele. Ele treinava muito, se
deixássemos, ele treinaria em todas as categorias. Fominha mesmo. O
querer dele é muito grande. Isso temos certeza. Sempre sentíamos nele
essa diferença: o querer. Ele quer muito. Ele gosta muito do que faz.
Acho que o sucesso dele vem muito disso - disse Cacau.
- Ele tem que agradecer muito a mãe dele. Não fosse ela, ele não seria o
Vinicius não. Com chuva, esperando neném, ela fazia quentinha, levava
no ônibus… - complementa Jorge Luis, o Patinho, que treinou o garoto no
time de futsal do Canto do Rio.
Campo ou salão?
A fome de bola era tanta que, em 2007, Vinicius passou a conciliar os
treinos na escolinha do Fla em São Gonçalo com aulas de futsal no Canto
do Rio, um famoso clube localizado no centro de Niterói. Lá, ficou até
2010.
- Quando ele chegou, o testei. Eu tinha a mania de pegar uma bola e
jogar para o alto para ver como o garoto dominava. “Ô Vinicius, segura
essa bola”. Aí ele matou e tocou para mim e eu falei “Ih… Acho que vai
dar caldo, hein” - disse Patinho, professor dele no Canto do Rio.
Vinicius aprimorou os dribles em pequenos espaços, a
agilidade e os reflexos que hoje o ajudam no campo. No Canto do Rio, fez
parte do imparável time “chupetinha”, o sub-7, com outros garotos como
Arthur, Renan e Cadinho.
- Podia vir qualquer time para encarar que a gente ganhava. Fácil - lembra o treinador.
- Ele jogava muito, só que tinha fome de bola, só queria estar com a
bola no pé! - brinca Renan, que atualmente joga futebol de campo no
Canto do Rio e dividiu ataque e artilharias com Vinicius na época.
- Eu pegava a bola e tocava para frente, que ele pegava e resolvia. O
problema era no treino, que eu tinha que marcar ele. Só dava para parar
com falta, mas não podia machucá-lo. Aí tinha que deixar fazer o gol
mesmo - recorda Arthur, beque e capitão no saudoso sub-7 de Niterói.
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