Ex-líder
do governo no Senado, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem
partido-MS) disse neste sábado (28) em entrevista exclusiva à GloboNews
que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado era “prioridade
absoluta’’ do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na
residência oficial do peemedebista. Delcídio relatou episódios em que o
presidente do Senado suspendia reuniões com outras pessoas para atender
Machado.
Delcídio
teve o mandato cassado no último dia 10. Ele foi preso em novembro de
2015 por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da operação Lava
Jato e deixou a prisão em fevereiro deste ano. Desde então, ele é
mantido em recolhimento domiliar.
A
cassação de Delcídio ocorreu após parlamentares descobrirem que ele
havia firmado acordo de delação premiada. Na colaboração, ele fez
revelações envolvendo diversos ex-colegas de parlamento, como o próprio
Renan, o que irritou os senadores. Delcídio atribui a rapidez de sua
cassação, antes da votação no Senado do impeachment da presidente
afastada Dilma Rousseff, a uma “vingança’’ do presidente da Casa.
Delcídio,
como senador, era um dos principais parlamentares do Congresso. Ele
tinha livre acesso a deputados e senadores de diversos partidos, e
atuava como líder do governo de Dilma Rousseff. Como líder, frequentava o
Palácio do Planalto, da Alvorada e também a residência oficial do
Senado.
Segundo
o parlamentar cassado, as reuniões de Renan com Machado, que também
fechou acordo de delação premiada, na residência oficial “eram
frequentes’’. Ele diz que a dupla formava um ‘’esquemão fidelizado’’. De
acordo com Delcídio, Sérgio era “blindado pelo Renan”. “Ninguém
encostava nele. Sérgio era totalmente fidelizado a Renan’’, disse.
“Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas, e
outros operavam financeiramente para Renan”, completou.
Para
manter o que chamou de “hegemonia”, segundo Delcídio, Renan usava o
ex-presidente da Transpetro para atender outros parlamentares da cúpula
do PMDB no Senado, como Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RR), José Sarney
(AP) e Edison Lobão (MA).
A
assessoria jurídica de Sérgio Machado informou que não vai se
manifestar por causa do sigilo do processo de delação premiada que ele
assinou.
Por
meio de sua assessoria de imprensa, o senador Valdir Raupp informou que
“jamais fez indicações políticas para o setor elétrico e que as
acusações do ex-senador Delcídio do Amaral são descabidas e
inverídicas”. A assessoria de imprensa de Romero Jucá disse que o
senador não vai comentar as declarações do parlamentar cassado.
A GloboNews e o G1 entraram
em contato com as assessorias de imprensa de Renan Calheiros e Edison
Lobão, mas não obtiveram resposta até a última atualização desta
reportagem.
Machado
ficou mais de dez anos na presidência da Transpetro indicado por Renan.
Na semana passada, foram divulgados áudios em que ele gravou conversas
comprometendo a cúpula do PMDB do Senado.
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