A
Justiça Federal de Goiás determinou a suspensão das atividades do grupo
Embrasystem, que atua por meio da empresa de rastreadores BBom, e
bloqueou o cadastro de novos associados. A BBom é investigada por
suspeita de atuar em esquema de pirâmide financeira, considerado crime
no país. A decisão é da juíza substituta da 4ª Vara Federal de Goiânia,
Luciana Laurenti Gheller, que acatou os pedidos dos Ministérios Público
Federal (MPF) e Estadual (MPE) de Goiás. Na semana passada, a empresa já
tinha tido os bens bloqueados. Como o processo corre em segredo de
Justiça, Luciana não comentou decisão.
Segundo
o MPF/GO, o bloqueio não impediu que esquema de pirâmide continuasse a
ser praticado, e mais pessoas foram atraídas à rede. Por isso, pediu que
as atividades da empresa foram suspensas. Para impedir a continuidade
desta prática ilegal, a Justiça também determinou que a BBom deve
publicar em seus sites a seguinte mensagem: “Por ordem da Justiça
Federal, a BBom está impedida de receber a adesão de novos associados,
seja através de seus sites, seja através dos sites de seus associados,
bem como de receber as mensalidades cobradas dos associados já admitidos
no sistema”.
O
esquema BBom foi congelado na semana passada, resultado de uma
força-tarefa nacional formada pelo MPF e pelos MPEs, entre eles o de
Goiás, com o bloqueio dos bens das empresas Embrasystem e de seus
sócios. Entre os bens bloqueados estão mais de cem veículos, alguns de
alto luxo – como Ferrari, Lamborghini e Mercedes -, além de R$ 300
milhões em contas bancárias do grupo. Outras 16 empresas suspeitas de
praticar crimes financeiros estão sendo investigadas pela força-tarefa. A
Justiça só vai divulgar estes nomes depois da conclusão das
investigações.
—
O nosso objetivo é evitar novas vítimas. O consumidor precisa ficar
atento, principalmente com a proliferação desses esquemas com a ajuda da
internet e das redes socais, bem como dessas promessas de ganho de
muito dinheiro sem ter que vender um produto ou serviço real. Já em
relação à pessoas que estão no esquema, os bloqueios dos bens servirão
para reaver o máximo possível do dinheiro investido — explica Mariane
Guimarães, procuradora da República em Goiás.
O
produto que supostamente sustentava o negócio da BBom é um rastreador
de veículo. Como em outros casos emblemáticos de pirâmide financeira, o
produto serve como isca para recrutar novos associados. Os interessados
associavam-se mediante pagamento de taxa de cadastro de R$ 60 e de um
valor de adesão que variava entre R$ 600 e R$ 3 mil. Além disso, os
associados tinham que atrair novos integrantes e pagar uma taxa de R$ 80
por 36 meses. O mecanismo de bonificação aos associados era calculado
sobre as novas adesões. Quanto mais gente aderia à rede, maior a
premiação prometida.
A
BBom, que se auto-intitula uma empresa especializada em canal de vendas
direta e marketing multinível, informou, por meio de nota, que está
tomando as providências judiciais cabíveis para retirar todo e qualquer
impedimento às suas atividades.
O Globo
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