Tempo por que não paras um só instante
Por que não descansas jamais
Vives em bailado incessante
Deixando e tudo e todos para trás […]
No dia em que entrei na terceira década de existência, compus um pequeno poema, que se inicia da forma acima grafada.
É incrível como as frações temporais se agrupam para formar um todo contínuo, ininterrupto, infinito… O tempo, até onde se conhece, não teve começo e, não há provas concretas que terá fim, ele está sempre presente no agora e ausente no que foi e no que ainda será. Ninguém é capaz de detê-lo, haja o que houver, ele sempre irá passar, sempre no mesmo ritmo, incansável e eterno. Resta cada um se adaptar a ele e acompanhar as mudanças que ele é capaz de promover na humanidade em seu curso.
E quantas mudanças!!! Costumes, crenças, comportamentos… É incrível como, muitas vezes, passamos a desacreditar em tudo aquilo em que cremos um dia; de como, o que, para nós, um dia foi a “última moda”, passa a nos parecer ridículo; de como abandonamos velhos hábitos para absolver outros. São tantas as mudanças que só percebemos se em um momento, deixarmos o tempo passar e pararmos para traçar um paralelo entre passado e presente. Só assim nos daremos conta de quanta coisa mudou, que o tempo passou a galope e nós nem percebemos…
Eu por exemplo, quando criança, adorava ler, lia tudo aquilo que via pela frente, estava no meu cerne. Sentia um prazer imensurável naquilo. Mas, o tempo passou, vieram novos tempos, novos ares. Passei a ter contato com novas tecnologias, a televisão, antes algo distante, surgiu em minha vida e passou a habitar comigo, e, com o tempo, se encheu de cores, se tornando ainda mais interessante. Aí veio o computador, tempos depois os jogos eletrônicos, a internet, e uma infinidade de alternativas que a leitura acabou sendo empurrada para segundo, terceiro plano. Justamente em um momento que ela passaria a ser essencial em minha vida – as universidades. Durante meus dois cursos superiores, lia por obrigação e, muitas das vezes, aquilo era algo extremamente cansativo. E o estudo para concursos então? Assuntos intermináveis, abomináveis – dava preguiça só de pensar em abrir uma apostila. Deve ser por isto que nunca consegui êxito em um deles, pelo menos em um que realmente valesse à pena. Neste tempo percebi que, lamentavelmente, o tempo havia me trazido coisas que me fizeram perder o gosto pela leitura. Gosto o qual hoje busco desesperadamente recuperar.
Contudo, mesmo com todas as intempéries trazidas, confiamos tanto no tempo que vivemos adiando planos, projetos, atitudes, etc. Todavia, este mesmo tempo, em algumas ocasiões, nos revela surpresas, as quais acabam por nos auxiliar na concretização destes planos, projetos, atitudes que vinham sendo adiados.
Em um belo dia o tempo me trouxe de volta um grande amigo de infância, alguém que sempre admirei pela sua personalidade, caráter, por ele ser um batalhador. Ele, que há muito havia partido para a cidade grande, tentar a sorte, retornou e, desta feita, em definitivo. Para mim foi uma grande alegria! Mas, de imediato, ao contrário do que imaginava, não voltamos a ter a mesma proximidade e cumplicidade dos tempos de 6ª série. Os tempos eram outros, a infância havia ido embora, agora, ambos já adultos, lutamos, cada um de sua forma, pela sobrevivência, nossa e dos nossos. Só voltamos a nos reaproximar quando ele, no meio desta luta e, motivado pela onda de tecnologia que assola a humanidade, resolveu abrir uma lan house e eu, imediatamente, tornei-me seu cliente.
De uma forma menos intensa e com temas diferentes dos tempos de infância, voltamos a ter as velhas conversas. Elas sempre me deram um prazer imensurável. É gratificante ver alguém defender aquilo que acredita e, ele o faz como ninguém. Um dia, em uma destas conversas, meu amigo me disse que iria criar um blog e eu, imediatamente, pensei em colocar em prática um projeto que há muitos anos estava na minha cabeça, de onde saíra raríssimas vezes – o de escrever crônicas. Assim, solicitei um espaço na sua poderosa ferramenta de comunicação e, como era de se esperar, fui prontamente atendido. Comemorei intimamente, já que assim teria uma obrigação semanal de escrever alguma coisa e, quando tivesse escrito suficiente, poderia executar outro projeto implantado no meu “winchester” logo após ter o contato com uma das mais célebres obras de Jabor – o de escrever um livro de crônicas. No entanto, lá se vão mais de dois meses e, depois de algumas cobranças do meu amigo Antony cá estou, escrevendo o meu primeiro texto para o seu blog.
Aqui, quero agradecê-lo imensamente pelo espaço, espero também que seja aprovado por aqueles que chegarem até aqui, quero ainda me comprometer de, semanalmente, trazer um novo texto, de procurar escrever algo PARA QUEM GOSTA DE LER.
Jandeilmo Cleidson (Cleidão)
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